A
natureza do amor é o amor ...
Hoje
estava assistindo um filme de romance (meu tema preferido, como toda romântica assumida, rs), e sentada em frente
a TV eu me questionava a respeito de como a minha geração segue encarando o
tema amor, relacionamento e afins.
O
primeiro ponto que eu observo é que talvez estejamos nos perdendo no medo de se
responsabilizar, afinal estamos vivendo a era das facilidades, onde tudo pode
ser dito, construído e descontruído com a mesma facilidade. Uma época em que “o
que eu sinto” , apenas sinto e ponto final, pouco importa se “o que eu sinto” ,
“penso” ou “falo” gera algum impacto no outro.
Muitas vezes observo muito pensativa o que me dizem, e bate uma duvida
se aquilo que esta sendo dito representará o mesmo sentimento daqui a 5 minutos
ou se é apenas mais uma palavra solta ao vento.
A reflexão que eu faço desse cenário, é que a dificuldade de se
responsabilizar pode estar diretamente ligada ao medo de sentir, ao medo de
viver, ao medo de experimentar. Afinal somos filhos de uma geração que viveu
momentos de repressão total e logo em seguida liberdade sem limite. E aqui
estamos nós, aprendendo a viver entre limites e liberdade. Ouvindo desde
criança que precisamos construir o nosso futuro brilhante baseado em muito
estudo e tudo, absolutamente tudo deve ser planejado e estruturado. Pois bem, e
eu me pergunto: O sentir, o amar, o gostar é estruturado? É planejado?
Entregar-se ao amor, é algo que pode ser representado em fases através de uma
planilha de excel?
Se
não é possível, planejar o “sentir”
então a gente cria! Afinal somos a geração de talentos brilhantes, profissionais
promissores. Criamos até novas formas de se relacionar, uma geração onde as
pessoas “ficam” umas com as outras,
beijam sem ao menos se interessar no nome, interesses ou preferencias da
outra pessoa. Criarmos também a amizade colorida, afinal assim podemos ser um
pouco mais íntimos sem se responsabilizar por absolutamente nada. E eu aqui que faço parte de tudo isso e de
todas essas formas de relacionamento fico me perguntando, onde isso vai parar?
Olho
para o lado e vejo minhas amigas e amigos de infância assim como eu a espera de alguém.
Mas não só eu e meus amigos vivemos essa ansiedade, pois por onde ando ando vejo
pessoas se queixando do fato de estarem a espera e muitas vezes nem sabem mais o que estão esperando!
Tudo
anda tão confuso que cada dia que passa, as respostas acabam se afastando mais
e mais do nosso alcance e vamos vivendo os dias da maneira mais fácil que se
tem para viver. E a maneira mais fácil é seguir fazendo escolhas
individualmente afinal isso nos permite uma liberdade infinita.
E
diante do caminhar solitário que estamos escolhendo percorrer, cabe a observação
de que nossa geração esta adoecendo não apenas fisicamente, mas psiquicamente.
Cada vez mais, vejo pessoas fazendo uso de medicamentos para depressão,
ansiedade, e tantas outras questões que apenas representam o quanto a alma anda
ferida e cansada da ausência do amor, do companheirismo e do compartilhar.
A
natureza do ser humano, desde sua constituição não é a solidão. Nossa natureza
por si só é focada no compartilhar, na entrega, no amar e ser amado. Afinal é
isso que sentimos desde quando nascemos e somos acolhidos nos braços de quem
nos deu a vida. Essa é a primeira sensação do PRIMEIRO ATO de vida: O AMOR.
E se
a nossa natureza é amar, para que resistir? Para que se fechar?
Alguns
dizem estarem fechados ao amor, por que foram feridos por um outro alguém e não
desejam mais ferir e ser ferido(a). Com todo meu respeito o que eu tenho a
dizer para quem usa frases feitas desse tipo é: Para de se enganar! Só se
machuca quem é egoísta demais para aceitar o “não” que o outro tem a nos oferecer, só se machuca
quem ainda não aprendeu que a vida é feita de sim e de não. Ninguém machuca a gente, nós nos machucamos
sozinhos pelo ato de insistir no obvio, e pela teimosia de não aprender a
respeitar os desejos da outra pessoa.
A
natureza humana é a de seguir pelo caminho em grupo. Precisamos do “outro” para perceber os nossos limites, nossas
oportunidades, nossas fragilidades. Precisamos do outro para celebrar,
conquistas, para fazer planos, para rir e chorar. Sem isso, a natureza do amor
que esta em nós morrerá, e quando essa natureza morre damos espaço a depressão,
ansiedade, tristeza, melancolia.
A
vida é feita de escolhas, e a alguns meses venho aprendendo que viver com os
pés no chão não significa ficar me protegendo do que eu sinto ou do que eu
penso. Viver com os pés no chão é caminhar por locais desconhecidos e que
podem sim me desapontar mas mesmo assim escolher seguir por esses caminhos,
pois é uma aposta e eu tenho certeza que quando a gente ganha esse jogo se é
feliz verdadeiramente pois o amor não foi negado, foi vivido, foi sentido.
Fica
aqui, em algumas palavras algo para se pensar...
Talvez
o caminho seja abandonar o escudo e seguir livre caminhando pela vida sem medo.
E se o amor atingir o coração, viva, sinta... e se não der certo... tudo bem!
Não precisa pegar o escudo novamente, apenas continue seguindo com a certeza de
que o amor é feito para sentir e viver sem suas inúmeras formas e tipos.
É
melhor quando é duradouro, mas mesmo que seja por um instante, o amor é capaz
de iluminar a mais escura das noites e trazer energia para os próximos dias,
para os próximos tempos.
Meu
sincero e honesto desejo de que a geração 80, que já aprendeu a ser
independente, possa agora experimentar o outro lado da moeda. Que possamos
aprender a “co dependência “, que possamos aprender a ouvir “não” e ainda assim
não perder a capacidade de amar e ser feliz! Que os corações partidos não sejam
mais mera desculpas para dizer: - “Estou fechado para balanço” e que possamos
seguir sendo honestos com o que sentidos e pensamentos. E a minha maior torcida
é para que realmente sejamos responsáveis ao se relacionar com a outra pessoa.
Como diz Jung: “...Ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma humana”.
E
para finalizar...
“Sua visão
se tornará clara somente quando você pode olhar para o seu próprio coração.
Quem olha para fora, sonha, quem olha para dentro, desperta”. – Carl G. Jung
Com carinho
Brenda Donato
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