E o que é a morte para nós?
A morte em todas as suas representações e formas, pode se fazer presente
na vida de todos nós. Ela tem a representação do fechamento, "finalização"
de um ciclo e é justamente por esse motivo que pode causar dor e angustia. Nós
seres humanos temos um pequeno defeito de fabrica chamado "apego" e
"posse".
O ser humano em sua essência é preparado para sentir prazer, amor e
alegria. Todos os sentimentos que possam contrariar essa essência trazem um
imenso desconforto ativando alguns mecanismos de defesa. Um deles é a
negação/resistência. Quando negamos ou resistimos a uma situação onde um ciclo
se fechou, seja ele pela morte de alguém, término de algum relacionamento,
perda de um emprego, ou qualquer coisa que represente a "morte" de
algo que existia, é provável que desperte o sentimento de tristeza, insegurança
ou qualquer derivado desses.
A vida é feita de ciclos, composto de começo meio e fim. Os ciclos
existem justamente para fazer o papel evolutivo da vida dando a nós o espaço
que precisamos para crescer. O que ocorre é que no momento em que a
resistência/negação surgem, todo o processo de aprendizado é interrompido e a
vida tem o seu ritmo diminuído.
O medo de perder ou fechar ciclos tem relação com o nosso despreparo
emocional para lidar com tudo aquilo que é incerto. Nós " seres
mortais" temos um ideal de vida muito bem dimensionado internamente, onde
cada coisa tem o seu devido lugar e espaço e deve acontecer exatamente como
esperamos ou acreditamos que tem que ser. Por essa e muitas outras razões, ao
perder um ente querido ou receber uma negativa da vida seja ela de qualquer
natureza o "baque" se torna grandioso pois a sensação é a de que
estamos nos perdendo do mundo " ideal" construído.
No fundo o choro sentido quando alguém muito próximo morre trata-se do
choro "ego centrista", não por
quem se foi e sim pelo que "Eu vou perder diante dessa perda". A
preocupação é com a quebra da rotina, com a enxurrada de emoções, com o que
deixamos de fazer e poderíamos ter feito, preocupação de ter que lidar com
tantas emoções que talvez foram negadas longos períodos da vida. O outro passa
a ser mero coadjuvante nessa historia , torna-se apenas um meio de viver a dor
que muitas vezes precisamos viver para amadurecer e dar um novo passo.
Quando amadurecemos emocionalmente começamos perceber que cada
acontecimento nessa vida tem o seu devido lugar e passamos a não mais esperar
os acontecimentos de uma maneira idealizada, apenas deixamos a vida correr e
seguir o seu curso como tem que ser. Essa ação requer desprendimento, aceitação
e o ingrediente mais importante de todos que é a confiança em si e na vida, sem
tentar adotar qualquer tipo de controle sobre aquilo que não e
"controlável".
Tudo o que sentimos, pensamos e fazemos são meras projeções daquilo que
se passa internamente. Olhar para dentro e libertar cada sentimento
reconhecendo que a vida é feita de "idas e vindas".
Deixar morrer e viver uma vida de libertação onde o que nos aguarda no
final do túnel é um pote cheio de crescimento. Quanto mais acumulamos
sentimentos e sensações negativas mais pesados nos tornamos e mais difícil e
vagaroso se torna nosso caminhar. Levantar a cabeça e deixar os ombros leves
"matando" tudo aquilo que lhe faz sofrer é equivalente a atingir a
sua liberdade e evolução.
Deixe morrer o que tiver que morrer, desde pessoas a coisas!!!
Deixe sair de você aquilo que tiver que sair e não tenha medo do que
pode sentir e muito menos fique tentando imaginar como será " daqui para
frente". Aprenda apenas a viver dia a dia, momento a momento e esteja
aberto (a) a próxima fase que a vida lhe oferecer, nada mais!
"A vida é feita de ciclos,
deixe ir o que tiver que ir para chegar o que tiver que chegar..."
Exercite a viver a vida enquanto ela está acontecendo e confie que o que
está por vir (tanto de bom como de ruim) será única e exclusivamente para
aprimoramento.
Com carinho
Brenda Donato